(Josy Antunes)
domingo, 28 de novembro de 2010
A cascuda
Meu "ato heróico" se fez sobre uma cadeira branca, diante de uma mesa redonda e um prato de comida. Naquele tempo eu almoçava de camisola. Afinal, ir pra escola era cansativo o bastante para fazer das 12 horas o fim do meu dia. Chegava em casa e as panelas já cheiravam bem. Minha mãe enchia meu prato e descia pra loja. Eu almoçava sempre sozinha e depois ía tirar minha soneca. Mas, naquele almoço, descrobri que eu estava acompanhada. No chão, uma barata branca e cascuda me desafiava. Sem dúvidas, eu precisava ser socorrida. Subi na cadeira e comecei a pedir ajuda. Meus pais não atendiam. Eu gritava por socorro, esperando que, pelo menos, algum vizinho ouvísse e ligasse pra minha casa para que, então, meu apelo fosse atendido. Percebi que as horas passavam pela perna que doía e pela comida que esfriava. A cascuda nem se mexia. Eu perdia, aos poucos, a voz e a soneca. Com o pôr do sol, meu pai apareceu, me deu um esporro, saiu e me deixou com a barata.
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