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Esboço de Diego Jovanholi durante a oficina no Donana |
O objetivo da oficina era trabalhar o tom da narrativa - trágico, dramático ou cômico. Mas por uma questão que venho me batendo nos últimos queria também exercitar um olhar que fugisse do lugar comum, do clichê. Daí o pedido para que cada um dos participantes primeiro narrasse para os colegas uma cena cômica e depois uma cena dramática. Solicitei em seguida que olhassem para aquela mesma cena com um olhar diferenciado, que não reproduzisse o dramalhão mexicano que inevitavelmente fazemos quando testemunhamos a morte de uma pessoa querida, por exemplo. Tinha em mente o modo como uma de minhas ex-mulheres lidou com o câncer de pele de sua mãe, que ela transformou num grande brinquedo entre as duas, sobre o qual escrevi recentemente. Também tinha em mente o enterro do meu pai, em que minha irmã, recém-chegada de Londres, alternava o choro inevitável de quem está enterrando um ente querido com a felicidade de estar revendo os filhos, longe dela havia seis meses. Não gostei da parte teórica nem da avaliação que fiz dos participantes no momento em que lemos os textos ali produzidos. Mas gosto muito do resultado.
(Julio Ludemir)
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